quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Cama.

Era quente o ar que tocava o seu pescoço. O desejo em forma de vento. Tu dormias, não sabias que o desejo se materializava na tua respiração e agora lhe beijava a nuca e os cabelos. Não conseguia adormecer, pois aquele calor era perturbador; aquele vento leve penetrava os seus pensamentos, mais ainda do que o facto de estar deitada ao teu lado. Como se todos os sentidos tivessem adormecido e todo o perpétuo movimento do mundo se centrasse na pele quente do teu pescoço. Tu ainda não sonhavas, pois se o fizesses certamente não estarias tão sossegado, tão perto daquele corpo estranho na tua cama. Os sonhos que costumavas ter não eram nada como a tua respiração. Eram mudos e quedos, difusos. Aquele arfar era o oposto, especialmente porque sabia a ânsia , a paixão. Aquela que o sono trazia, mas que escondias nos sonhos e na Realidade, por não saberes como respirar sem aquele ardor no peito, quando caminhavas sobre a terra das promessas ou pelo mundo onírico da noite. Enquanto isso, os olhos dela fixavam a escuridão, onde devia estar a porta do quarto, a saída daquela dúvida infame que a assombrava de encanto. Não queria que aquele sono começasse ou acabasse. Estava perdida no meio da tempestade tropical que a deixava quente e molhada. Não queria que Tu parasses de respirar, mas ansiava sufocar-te com o desejo que lhe queria saltar dos lábios e ficar contigo naquele para sempre, num vendaval maravilhoso de ensejo e loucura.
Foi quando te viraste para o outro lado e entraste num sonho Azul.

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