Sem laço
Sem papel pardado
Aberto de par em par
Deixando os pequenos
Remoer-lhe as entranhas
E os graúdos
Olharem-no de longe apenas
Com medo de quebrarem
(Rotinas)
Com medo de partirem
(Corações)
O preço de nada tentarem
De voltar à infância perdida
E tomarem nos braços
(Nos abraços apertados)
O Presente.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Alice para lá do Espelho.
É no espelho que se vê.
Nua,
Fria.
Deseja aquele corpo
Que na penumbra Azul
Oscila na água cristalina
Que lhe afoga o rosto.
Trémula,
desliza em si,
No gelo da carne crua
Que não lhe pertence,
Que jamais lhe pertenceu.
Os dedos finos,
longos,
envolvem-se no suor frio
Do corpo nu
Que dança imóvel
Na quietude do espelho.
Perdem-se e reencontram-se
Num segundo ou em dois.
E na hora de partir
Quando o desejo se entorna
E a encharca
O espelho não está mais ali.
O corpo nu se aquece
Nos braços que não são seus
Que a envolvem
E a desejaram
Outrora.
Nua,
Fria.
Deseja aquele corpo
Que na penumbra Azul
Oscila na água cristalina
Que lhe afoga o rosto.
Trémula,
desliza em si,
No gelo da carne crua
Que não lhe pertence,
Que jamais lhe pertenceu.
Os dedos finos,
longos,
envolvem-se no suor frio
Do corpo nu
Que dança imóvel
Na quietude do espelho.
Perdem-se e reencontram-se
Num segundo ou em dois.
E na hora de partir
Quando o desejo se entorna
E a encharca
O espelho não está mais ali.
O corpo nu se aquece
Nos braços que não são seus
Que a envolvem
E a desejaram
Outrora.
sábado, 23 de outubro de 2010
Resfriado .
Multidão que caminha
Rostos iguais
Corpos iguais
Caminham.
O cheiro é o mesmo
É o cheiro das vidas
Das horas que passam tão depressa
Das horas que são meros minutos
É o cheiro do Adeus.
Do até nunca
É um cheiro só.
Rostos iguais
Corpos iguais
Caminham.
O cheiro é o mesmo
É o cheiro das vidas
Das horas que passam tão depressa
Das horas que são meros minutos
É o cheiro do Adeus.
Do até nunca
É um cheiro só.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Marcas.
Segue-lhe os passos, marcas vazias no cimento da estrada. Deserta, talvez. Não ouvira carro algum acercar-se. E já ali estava, a contar as pedras da calçada, havia um bom par de horas. Só ela passara. E com ela o múrmurio das vozes, aquelas que rogam pragas nas costas, que lhe arrepiam a nuca, húmida do suor amaldiçoado pelas tragédias da existência. As vozes ecoavam, ainda, num dialecto que lhe era desconhecido, mas ainda assim dialecto, que dialogava com as entranhas do seu inconsciente.Ele não sabia, porém, compreendia tais palavras estranhas , sabia o fogo que as envolvia.
Essas vozes; foram elas que o fizeram levantar-se e olhá-la, e perdê-la no horizonte. Elas que nada diziam, contaram-lhe os segredos do corpo nu que se afastava. Revelaram as marcas negras, que lhe pontuavam o dorso pálido, que lhe envolviam os pulsos, tão magros e cansados. Também os olhos, que passaram tão baixos, como se o chão que pisava os puxasse para si, também os olhos vermelhos, onde outrora verdes foram, vermelhos e inchados, lhe vincavam as rugas que ela não tinha, e se lhe foram denunciados pelas vozes, corrompidas e mórbidas.
Ele soube assim, sem olhos tocarem na pele nua que se arrastava por baixo da saia Azul esvoaçante. Da camisa nem a cor ficou, só os passos vazios, marcas apressadas, no cimento negro da imensidão do futuro que os aguardava.
Assim vai, segue-lhe os passos.
Essas vozes; foram elas que o fizeram levantar-se e olhá-la, e perdê-la no horizonte. Elas que nada diziam, contaram-lhe os segredos do corpo nu que se afastava. Revelaram as marcas negras, que lhe pontuavam o dorso pálido, que lhe envolviam os pulsos, tão magros e cansados. Também os olhos, que passaram tão baixos, como se o chão que pisava os puxasse para si, também os olhos vermelhos, onde outrora verdes foram, vermelhos e inchados, lhe vincavam as rugas que ela não tinha, e se lhe foram denunciados pelas vozes, corrompidas e mórbidas.
Ele soube assim, sem olhos tocarem na pele nua que se arrastava por baixo da saia Azul esvoaçante. Da camisa nem a cor ficou, só os passos vazios, marcas apressadas, no cimento negro da imensidão do futuro que os aguardava.
Assim vai, segue-lhe os passos.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
As Intermitências da Morte
"Com as palavras todo o cuidado é pouco, mudam de opinião como as pessoas"
José Saramago
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Solhas e Linguados.
"Sonho"; é uma palavra pouco agradável ao ouvido humano. Lembra, talvez, parte do nome científico de um peixe, por aí esquecido, cruzando qualquer onda, num oceano qualquer. Cinco letras, duas sílabas, duas vogais, possuidora de um ditongo nasal, é esta modesta palavra que, desde o início dos tempos, faz descarrilar a evolução humana e elevar os Homens à condição de supremos seres racionais do Mundo e universo em redor.
É dentro de cada caixa pensante , de um e cada indivíduo deste planeta, que surge um mundo de cores, aromas e lugares. Conceitos e ideias completamente desconectadas da realidade, difusas e descontroladas da norma e do dever.
Um mundo único e intímo para cada e todo o ser Humano.
Nha.. Nhando.. Sonh.. Sonhando.
É dentro de cada caixa pensante , de um e cada indivíduo deste planeta, que surge um mundo de cores, aromas e lugares. Conceitos e ideias completamente desconectadas da realidade, difusas e descontroladas da norma e do dever.
Um mundo único e intímo para cada e todo o ser Humano.
Nha.. Nhando.. Sonh.. Sonhando.
domingo, 10 de outubro de 2010
Clave da Gaiola.
Escrever sobre coisa nenhuma
Mas ainda assim escrever
É deixar sair
A aprisionada fera
Que na gaiola das loucas encubava.
Lá, onde tudo é errado
Onde o certo é errado
Onde o errado é errado
A fera impaciente caminha
Desenha círculos no chão
E vocifera, ferozmente
E Fera voci, vorazmente
Que nada é errado!
Nada.
Já não são círculos
São luas
E cheias.
De raiva e tinta preta
Que das luas cheias
Nascem colcheias
E a música se faz.
Amansa a fera
Que entre mínimas
Se enche de Sol
E abre com a clave a gaiola.
As loucas fogem consigo
E perdem-se na canção.
Agora coisa alguma se entoa
Está escrito nada
E nada é a música do silêncio
Que as loucas dançam
Que a fera escuta
Que se sente apenas.
Mas ainda assim escrever
É deixar sair
A aprisionada fera
Que na gaiola das loucas encubava.
Lá, onde tudo é errado
Onde o certo é errado
Onde o errado é errado
A fera impaciente caminha
Desenha círculos no chão
E vocifera, ferozmente
E Fera voci, vorazmente
Que nada é errado!
Nada.
Já não são círculos
São luas
E cheias.
De raiva e tinta preta
Que das luas cheias
Nascem colcheias
E a música se faz.
Amansa a fera
Que entre mínimas
Se enche de Sol
E abre com a clave a gaiola.
As loucas fogem consigo
E perdem-se na canção.
Agora coisa alguma se entoa
Está escrito nada
E nada é a música do silêncio
Que as loucas dançam
Que a fera escuta
Que se sente apenas.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Ensaio sobre a Cegueira
"É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade"
José Saramago
sábado, 2 de outubro de 2010
Aneurisma .
Rolou-me da boca para fora
O que me rebentou
Da minha veia criativa
Deixou ensanguentado o chão
As paredes
E a porta
Que Ele bateu quando saiu.
Violada calma
Violentada plenitude
Violência das entranhas
Viola no vão das escadas
Dedilhando o destino
O Fado que te prendeu
E te deixou as marcas negras
Das minhas doces mãos
Em teu peito cravadas.
Escorre nas paredes e no chão
Mancha a carpete de veludo Azul
E para ela corro
Me atiro e rebolo
Nua, vibrando
As cordas da viola seguindo
São dois braços, são dois braços.
Que para nada servem
Pendendo.
O que me rebentou
Da minha veia criativa
Deixou ensanguentado o chão
As paredes
E a porta
Que Ele bateu quando saiu.
Violada calma
Violentada plenitude
Violência das entranhas
Viola no vão das escadas
Dedilhando o destino
O Fado que te prendeu
E te deixou as marcas negras
Das minhas doces mãos
Em teu peito cravadas.
Escorre nas paredes e no chão
Mancha a carpete de veludo Azul
E para ela corro
Me atiro e rebolo
Nua, vibrando
As cordas da viola seguindo
São dois braços, são dois braços.
Que para nada servem
Pendendo.
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