quarta-feira, 17 de abril de 2013

Como construir uma calçada.

Perdi-me.
Simplesmente deixei de conhecer os caminhos que outrora me guiavam, dia após dia, na imensidão de mim. Ora uns foram por vezes errados, levando-me a lugares feios, com saídas pequenas e apertadinhas, por onde a esperança parecia querer fugir sem mim. Outros caminhos eram Azuis. Aqueles que me levavam de mão em mão, de corpo em corpo, onde encontrava calor. Ainda outros eram apenas estrada, alcatrão negro, que a lado nenhum levavam senão ao infinito das coisas pequenas e maçadoras dos demais, daqueles que me rodeavam e nada tinham que caminhar a meu lado.
Hoje nem uns, nem outros. Estou sentada naquela pedra. À espera que os caminhos surjam e se abram. Não tenho vontade de procurar outro lugar, senão este mesmo. Numa pedra, a que chamo lar. A pedra que me deixa descansar, sem ter que procurar o mundo infinito. Aqui fico apenas sonhando com caminhos poeirentos e estradas de pedra. É nesta pedra que não me encontro.
As pedras não se perdem no tempo; permanecem, sofrendo as mutações inerentes ao ambiente que as envolve. Mas as pedras parecem não se importar, continuam no seu lugar, sem querer saber de caminhos, de céu e de sonhos. São apenas pedras. Agora sou pedra, também.

Talvez um dia toda esta pedra se parta e com ela se possa fazer um passeio estreito.

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