sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Como construir um Convento.

Sozinha. Aliás, com ela própria. E com Ele. Não é preciso mais ninguém, para consumar tão bendito momento, pelo qual ela ansiou durante um par de horas lentas, arrastadas à força no relógio de parede. É pecaminoso, é infernal. Grande e molhado. Não precisava de mais ninguém; nenhum par de braços funcionaria tão bem como o par que ela detinha. Uns braços tão seguros de si, magros, mas habituados a carregar, pela escadaria fora, o mais variado tipo de mercadorias. Sem dúvida que todo o trabalho vale é pena, nem que seja por momentos como aquele.
Completamente merecido. Um desejo visceral que Ele não explica, pois não há grito algum que o traduza num sussurro. Não há suspiro que consiga conter em si o bramido animalesco, encarcerado no momento seguinte, no instante decisivo, que ela agora não consegue controlar de tão obcecada que está com a gota de saliva que se forma no canto direito do seu lábio inferior perturberante e doce. A inevitabilidade é mais que óbvia, contudo, ela é casta e jovem. Não são qualidades tão comuns nos dias que correm, que possam ser lançadas na escuridão da última cela do corredor estreito. E talvez seja esse o seu fado, a sua maldição. Ou simplesmente o milagre de uma santa qualquer que se lembrou de espirrar sangue no preciso instante, no dito momento, e lhe pôs a mão por baixo, ou na consciência, e de alguma maneira não a deixou mais sozinha.

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