terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Memo.

Não sei bem qual o caminho que tomam. Surgem assim, como uma curta-metragem estrangeira, difusa e confusa, numa língua imperceptível. Também o cenário não lembra ao diabo; tem cor, muita cor. Brilhantes cores.
A éburnea luz ao fundo, ilumina cada prega do vestido Azul, que lhe balouçava ao vento, num contraste digital, alegando descaradamente qualquer batota que lhe passasse pela cabeça. Era essa mesmo que as deixava transparecer como água , uma após a outra: A do vestido Azul, a do dia solarengo em que passearam pela cidade, e aquela outra, numa tarde de chuva, na cama meia desfeita, partilhando uma caneca de chocolate ou, talvez, de café com leite (uma vez que não consegue precisar o sentido do paladar!).
E não param de surgir, cada vez mais intensas, mais brilhantes, deixando os corpos suados contrastar com os lençóis lavados, tão brancos como a luz que deles emana!
São as memórias perdidas, que se encontraram para a convenção anual de memórias achadas, que um dia foram dias longos, onde a luz era realidade, e não uma mera estratégia fotográfica e tecnológica, para tocar fundo nos olhos cansados de enganos.
Por isso mesmo não lhe chegou ao lábios o sabor do café, que partilharam naquela boca só. Por isso não ouviu o carro a apitar, quando passou por eles na colina de asfalto que tantas vezes percorreram. Por isso ele não está mais aqui.

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