quinta-feira, 19 de maio de 2011

Bairro Norton de Matos

Ainda me lembro de ti
Nos passos que refaço
Num caminho de volta.
Sigo por entre as casas
Agora tão cheias de vida, de luz
Que outrora pareciam nem estar lá
Pois o caminho
Que fazia guiada pela tua mão
Desenrolava-se sob os meus pés
Só para nós.

Hoje eu vi bem o cão
A ladrar furiosamente
Naquela casa escondida
Vi, ainda, na ponte
Dois corpos unos,
numa tarde de Verão
que suavam, abrasados pelo Agosto
penetrante nas peles morenas.

Vi na ponte caminhando, apenas.
Pensei chamá-lo
Num ensejo tão esbatido
Para que, de repente,
tal tronco
Se virasse para trás
E ganhasse vida.

Dos meus lábios
Saiu, então, um murmúrio
Numa palavra vazia
Tão cheia de nada
E de coisa nenhuma
Um trinado triste
Imperceptível
E tu não te viraste
Continuaste a andar a meu lado
O suor continuou a escorrer nas tuas costas
E nas nossas mãos
Ainda dadas.

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