segunda-feira, 5 de setembro de 2011

D. Sebastião.

Agora estou apenas vazia. Já não há tristeza, finalmente a épica luta contra as recordações que teimavam em investir ferozmente terminou! Já não me lembro de Ti. Descobri isso quando procurei nos despojos de guerra um último beijo ou um último sorriso sincero. Não estavam lá, nem debaixo das carcaças apodrecidas do prazer e do amor-próprio. Talvez tivessem sumido com o nevoeiro, também! Assim não voltarão para atormentar um novo dia glorioso e puro, envolto em paz!
Ainda assim, no meio de tanta harmonia desfeita, nos escombros sorridentes do cataclismo sentimental mais tenebroso de toda uma era histórica, eu, que hasteei a bandeirola branca, fiquei, finalmente, vazia.
Mais do que em paz, mais do que descansadinha, fiquei sem coisa alguma para sentir. Nem o som da tua voz zangada. Vazio, onde ecoa somente a minha voz e as memórias tormentosas que não revelam vestígios do que foste. Bem procuro batalhar um pouco, indagar num confronto com escudeiros, cavalos, obstáculos indiferentes que não me oferecem resistência alguma. Anseio neles bater com força, berrar bem alto e soltar tudo aquilo que não levaste contigo quando desapareceste! Procuro preencher-me de vida, de outras vidas, para que o vazio não se pareça tanto contigo.

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