É no espelho que se vê.
Nua,
Fria.
Deseja aquele corpo
Que na penumbra Azul
Oscila na água cristalina
Que lhe afoga o rosto.
Trémula,
desliza em si,
No gelo da carne crua
Que não lhe pertence,
Que jamais lhe pertenceu.
Os dedos finos,
longos,
envolvem-se no suor frio
Do corpo nu
Que dança imóvel
Na quietude do espelho.
Perdem-se e reencontram-se
Num segundo ou em dois.
E na hora de partir
Quando o desejo se entorna
E a encharca
O espelho não está mais ali.
O corpo nu se aquece
Nos braços que não são seus
Que a envolvem
E a desejaram
Outrora.
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