domingo, 10 de outubro de 2010

Clave da Gaiola.

Escrever sobre coisa nenhuma
Mas ainda assim escrever
É deixar sair
A aprisionada fera
Que na gaiola das loucas encubava.
Lá, onde tudo é errado
Onde o certo é errado
Onde o errado é errado
A fera impaciente caminha
Desenha círculos no chão
E vocifera, ferozmente
E Fera voci, vorazmente
Que nada é errado!
Nada.

Já não são círculos
São luas
E cheias.
De raiva e tinta preta
Que das luas cheias
Nascem colcheias
E a música se faz.
Amansa a fera
Que entre mínimas
Se enche de Sol
E abre com a clave a gaiola.
As loucas fogem consigo
E perdem-se na canção.

Agora coisa alguma se entoa
Está escrito nada
E nada é a música do silêncio
Que as loucas dançam
Que a fera escuta
Que se sente apenas.

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