terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Carta ao(s) Leitor(es).

É certo que não escrevo para alguém.
Podia começar a chamar ordinário e infame, a todo e a qualquer leitor deste ESPAÇO. Podia escrever coisas sem nexo, sem pontuação (isso também Saramago fez, e não ofendia ninguém! A não ser, talvez, os iluminados que julgam perceber muito do assunto, difamando este génio criativo sem nunca terem tocado num livro!). Podia escrever coisas feias, mesmo feias, calão do puro para agradar ao people da pesada. Até mesmo com asneiras! Podia (d)escrever o meu dia, revelar aos invisíveis leitores (do que passaria a ser o meu diário) segredos profundos e carregados de mágoa, que me assombram o sono, os sonhos, que me fazem desfazer em lágrimas, antes mesmo de os tornar parte da minha imaginação! Ainda seria capaz de escrever coisas convencionais para me agradar a mim mesma, aos que me rodeiam, para que esses lessem e comentassem, só positivamente, como é evidente. Porém escrevo para uma multidão de sujeitos inexistentes, que choram e riem com a ironia ou com a dor que projecto nas letras e nas palavras. É para esses que escrevo. É para esses hoje que falo, como nunca antes falei, pois não fomos formalmente apresentados e não gosto de falar com estranhos, nem mesmo por telefone.
A vocês, que se mantêm no silêncio do meu pensamento, um Obrigada.

Nunca deixem de acreditar na força das palavras, mesmo quando bramidas num deserto infinito de sombras e passagens. Pois, mesmo no deserto quem tu és, quem eu sou, estará sempre presente e será sempre o mais importante leitor.

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