sábado, 4 de setembro de 2010

Afefofobia .

Olhava as mãos
Nada via
Além de carne.
Com as mesmas mãos
Fizera o mundo
o seu mundo.
Movera destinos
De planetas, de estrelas
Mudara o futuro
E fizera do passado nada.
Com as mesmas mãos
Que o sentiam.
As mesmas mãos
Que o devoravam
Aquelas mãos
Que nada viam.

Repugnância,
Pudor da carne nua
dos dedos que se entrelaçavam
Noutras mãos
Que não as suas.
Mãos que nada moviam
Que deixavam as estrelas cair
E os planetas ruir.
Sentia que o futuro
Já não podia mudar
Que o passado fora tudo
Era mera casca,
Cega e vã,
Num presente perdido
No sinuoso abismo
Das suas próprias mãos.

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