quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Uma Resposta.

Uma certa vez, uma linha pequena andava perdida nos meandros da terra, entre outras tantas incontáveis linhas que recheavam, que se amontoavam, no espaço imenso (Azul) que tinham sob si próprias.
Mas aquela linha, a pequena continuava perdida, pois as linhas não têm boca, não podem dar, nem pedir indicações. Também não têm olhos, não podem ver um mapa. E não sabem para onde vão, pois não têm cérebro. Não se sabe ao certo se é um coração que bate, uma alma que pulsa, ou , simplesmente, a força gravitacional que as move. Mas na verdade as linhas circulam, vagueiam, percorrem o mundo que não sabem ser delas.
Aquela, a linha da primeira linha, continuava a passar perdida, sem saber que estava, efectivamente, encontrada sob o olhar de um público invísivel no grande espectáculo mudo e fantástico do qual era protagonista. Assim nada mais seria digno de se registar , se não fosse uma outra linha tão igualmente perdida; tão dona da sua unidade, que foi esbarrar contra a primeira linha, da primeira linha. Tal acontecia com frequência às linhas indigentes, que correr mais depressa que o tempo sem o contar. Porém, aquela primeira linha, da primeira linha e a linha da nona linha, que eram unas, como tantas outras, e da sua unidade se fez o Universo. Magia engarrafada, pronta a sair no mercado. O maior cliché de linhas que se encontram e se envolvem, num choque frontal, lateral ou de traseira, numa sintonia e tosca, que nada tem de branco com olhos encarnados, saindo de uma cartola. Só duas linhas que perderam a sua unidade, num momento ou em dez. Era aquela linha, a primeira pequena, e aquela linha, a nona de tamanho incerto. Eram elas e não outras duas, que se encontravam nelas próprias , na conjuntura da sua unidade. E d'una, virou mar, imensidão, infinito. Uma só, mais rica, sem qualquer orgão vital, e com um futuro assente no vaguear da própria solidão. E das linhas sós se fez uma, um todo que fora outrora um só.
Haverá mais valorosa unidade que a de si só e do mundo seu, que é ela própria? É o destino a linha una, é ele a primeira e a última linha que procuram alinhar-se no correr do mundo e dos dias.

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